quarta-feira, 7 de maio de 2014

Conversando sobre sexo com meus pais

Na minha casa sexo nunca foi um assunto proibido, muito pelo contrário. Eu sempre soube de onde vinham os bebês (como eram feitos, no caso), e o que era o sexo. Mas apesar disso, nunca chegamos de fato a falar sobre o sexo. Meus pais nunca se sentaram comigo e disseram "olha, é assim e assim que acontece, e isso e mais isso é o que você precisa fazer".
Eu sempre soube que precisar usar camisinha, que tinha que me prevenir por causa das doenças. Um filho nem era um problema tão grande assim (palavra dos meus pais), mas pegar uma doença que não tem cura seria mil vezes pior. 
Então, desde pequena eu já tinha noção de tudo isso. Que quando resolvesse transar deveria usar camisinha pra não engravidar e nem pegar nenhuma doença. Mas aí fica a pergunta, e o sexo em si? Como fazer? O que fazer? Que horas abrir as pernas? Que horas fechá-las? Eu não sabia de nada disso, apesar de sempre ouvir as insinuações e brincadeiras com teor sexual que meu pai fazia com a minha mãe (a maioria delas envolvendo sexo anal, aham senhor homofóbico). 
A maioria das coisas que eu sei sobre sexo tive que aprender sozinha. Assistindo "vídeo aulas" online, e com alguns livros de banca daquelas romances eróticos que toda dona de casa frustrada sexualmente adora ler. Mesmo assim, minhas noções do que fazer na hora "H" eram praticamente inexistentes. Eu sabia o que fazer na teoria, mas na prática não. 
Quando eu resolvi que ia abrir as pernas e experimentar os prazeres dessa vida, eu fui conversar com a minha mãe. Primeiro, eu gostaria de dizer que foi HORRÍVEL. Eu acho que nunca fiquei com tanta vergonha na minha vida. Devo ter ficado mais vermelha do que meus cabelos. Eu não sabia como iniciar o assunto, não sabia como dizer o que eu queria, e minha mãe também não ajudava muito.
"Mãe, eu queria conversar uma coisa muito séria contigo". Eu geralmente falo isso mesmo quando quero dizer alguma besteira, então ela provavelmente achou que eu falaria alguma abobrinha. 
Eu enrolei muito. Muito mesmo. Eu não conseguia parar de rir, eu não podia nem olhar na cara dela sem ficar com vergonha. Aí eu comecei: "Antes de qualquer coisa, eu quero dizer que eu não sou lésbica, antes que você pense isso." Rimos. "Eu também não fiquei com nenhuma menina, antes que você também pense nisso." Rimos outra vez. Enrolei mais e mais, e minha mãe joga um "você está ficando com alguém?" pra cima de mim, e eu respondo que sim, que aquilo fazia parte da história.
Depois de mais ou menos meia hora enrolando, eu finalmente disse que estava ficando com esse menino, e que queria que ela me desse camisinhas porque eu queria transar. Ela arregalou os olhos e eu comecei a rir desesperadamente de tanto nervoso. Ela ficou pensando que eu já tinha transado, mas acabei convencendo ela que não, eu não tinha feito nada, e que estava falando com ela antes de fazer alguma coisa.
No final deu tudo certo. Transei, usei as camisinhas que a minha mãe me deu, e não peguei nenhuma doença. Nem engravidei. 

                                          Demi representando minha reação depois da conversa