quinta-feira, 3 de janeiro de 2013


Eu tenho um problema. Sim, eu realmente tenho um problema. E pela primeira vez, aqui estou, pensando e preocupando-me com MEUS problemas e não com os outros. Então vamos lá. Eu me corto. Eu me machuco. "Ah, mas você não é a única, queridinha", sim, eu estou cansada de saber disso. E também sei que os motivos que levam as pessoas a se machucarem de tal maneira são sempre diferentes, ou até mesmo bem iguais. Mas todos sofremos. Todos nós temos nossos problemas, sejam eles grandes ou pequenos, mas isso não significa que meu problema seja maior ou pior do que o seu. As coisas são diferentes, é assim que a vida é.
Aos treze anos foi quando tudo ficou sério demais. Eu sofria tanto, me sentia tão infeliz e miserável, que simplesmente não via motivos pra continuar vivendo com tudo aquilo. Então eu me cortava. Me machucava. Cheguei a tentar me matar, mas sabem o que falam por ai: Vaso ruim não quebra.
Eu não tenho muitas marcas de todos os cortes que fiz. Sempre me cortei com bisturi. O corte era pequeno e fundo. Sangrava bastante e era desesperador. Desesperador e reconfortante. Com o tempo comecei a esfolar a pele. Doía mais e sangrava menos. O sangue sempre foi o grande problema, sou hemofóbica  então o sangue sempre me fazia vomitar e ficar desesperadamente enjoada. E tudo isso fazia com que eu me esquecesse de tudo o que estava passando. Eu conseguia me sentir melhor por um curto espaço de tempo, enquanto aquela dorzinha pequena do corte estava ali, mostrando que eu ainda estava, bem, viva.
Algumas vezes cheguei e me cortar apenas pra sentir alguma coisa. Pra ter certeza de que eu ainda podia sentir dor. Não sei se alguém vai entender isso. Às vezes, minha cabeça estava tão bagunçada, que eu não conseguia ficar triste, alegre, feliz... Então eu me cortava, esfolava a pele, fazia qualquer coisa pra pelo menos sentir dor. E bem, não é só isso. Eu disse que me machuco, e eu realmente faço isso. Eu sou descontrolada, e como falei, eu tenho um problema. Quando tudo está uma bagunça e minha cabeça parece que vai explodir, eu começo a me estapear, me socar, fico batendo o corpo contra a parede... Imagino que isso seja horrível de se ler, mas é a verdade. No ano passado, eu vivia com o rosto todo marcado e arranhado, falava sempre que era o gato. Uma explicação melhor do que "ah, eu fico me batendo e me arranhando quando estou triste".
Não é fácil parar com isso. Tenho minhas recaídas e me sinto horrível depois. Mas eu ainda não descobri nada que tenha o mesmo efeito calmante quanto isso. Bem, tem o calmante em si, mas minha mãe me proibiu de tomar, ou seja...
Eu não sei como isso funciona com as outras pessoas. Se elas se cortam e se machucam pra que possam se sentir mais humanas ou só pra esquecer a dor, mas eu só queria dizer que eu entendo. Eu sei que não é fácil, e que às vezes temos vontade de acabar com tudo isso, acabar de vez com a vida. Mas eu acredito que um dia, um dia todos vamos achar algo que nos dê motivos pra viver. Ou alguém, quem sabe. A vida é tão curta e nós temos tão pouco tempo pra viver, pra que acabar com tudo? Por que não, sei lá, aguentar mais um pouco? Uma hora tudo isso vai passar. Uma hora todos nós vamos crescer e esquecer tudo isso, tudo vai ficar no passado. Eu quero viver, e como quero.
Eu não sei como terminar isso aqui. Não sei mais o que dizer. Então deixa assim. Sei que a frase é clichê entre os jovens, mas: Stay Strong. No final tudo vai dar certo.